Monjolo: pilão d'água usado para produção de farinha de milho é considerado patrimônio no interior de SP

  • 04/05/2025
(Foto: Reprodução)
Tereza Cravo da Silva, de Guapiara (SP), e Maria do Carmo Almeida, de Ribeirão Branco, aprenderam a usar o monjolo com a família. Técnica foi registrada em documentário. Moradoras de cidades da região de Itapetininga (SP) usam monjolo para produção de farinha de milho Arquivo pessoal/Veronica Volpato Uma máquina de engenho rústico chamada monjolo, tradicionalmente usada para moer grão de milho e descascar café, foi o destaque de um documentário produzido no interior de São Paulo. Tereza Cravo da Silva, de Guapiara (SP) e Maria do Carmo Almeida, de Ribeirão Branco (SP), aprenderam a usar o monjolo com suas famílias há mais de 40 anos e produzem farinha de milho. 📲 Participe do canal do g1 Itapetininga e Região no WhatsApp O processo por detrás do monjolo começa na canalização do córrego que alimenta a roda d'água. Ela movimenta o pilão que maceta o grão de milho na base de pedra e o transforma em farinha. Depois, pode ir para os fornos de barro e virar um biju. Monjolo: pilão d'água usado para produção de farinha de milho é considerado patrimônio Maria do Carmo Almeida tem 68 anos e mora no Bairro dos Boavas, em Ribeirão Branco (SP). Ela contou ao g1 que faz uso do monjolo há 40 anos e já teve sete ferramentas. Sua mãe usava a máquina para produzir farinha para a família, mas Maria só foi aprender a usar o monjolo anos depois, com a sua cunhada. Maria produz tudo sozinha. Ela leva 12 dias para produzir a farinha e já passou várias noites socando o milho no monjolo. “Eu gosto, é um divertimento, distrai a minha cabeça”, completou Maria. O milho utilizado na produção é comprado por ela no município. Toda a farinha produzida é vendida no comércio e por encomenda, sendo uma forma de complemento na renda. Ela tem compradores na região, em Itapetininga (SP), Itararé (SP) e Itapeva (SP). Uma colega dela já chegou a levar encomendas de farinha produzidas por Maria até São Paulo (SP). Maria do Carmo Almeida de Ribeirão Branco (SP) usa o monjolo há 40 anos para produzir farinha de milho Arquivo pessoal/Rodrigo Antunes Segundo Maria, ela vai continuar a produção até quando aguentar o ritmo. Os quatro filhos ficam preocupados e pedem para ela parar de mexer com o monjolo. “Eu não gosto de ficar quieta, estou sempre fazendo alguma coisa. Vou continuar produzindo enquanto eu aguentar”, explicou a produtora. 56 anos de monjolo Tereza Cravo da Silva, de 77 anos, moradora de Guapiara (SP) aprendeu a usar o monjolo aos 12 anos Arquivo pessoal/Veronica Volpato Tereza Cravo da Silva, moradora do bairro Capela do Alto, em Guapiara (SP), tem 77 anos e usa o monjolo em sua casa há 56. Ela fabrica farinha para ajudar nos gastos de sua casa. “Eu gosto de mexer com o monjolo, mas falta um companheiro para me ajudar. Eu sempre lido com o monjolo e gosto”, comentou a produtora. Tereza conta que aprendeu a usar o monjolo aos 12 anos, trabalhando com a família, que já fazia farinha de milho. A forma de controlar os gastos na casa se tornou um complemento na renda familiar. Ela explica que usa o milho da época, plantado no quintal da sua casa, para produzir. As vendas acontecem por meio de encomendas. E m 2024, ela vendia por R$ 12 o quilo da farinha. Ela pode ser usada para fazer receitas com o fubá, como bolo e cuscuz. Segundo Tereza, faz cinco anos que ela usa o monjolo atual da sua casa, mas segundo suas contas, esse já deve ser o 5º monjolo que ela tem. Para ela, o monjolo faz parte da cultura do interior. “Os jovens não têm tanto interesse em mexer com fogão de lenha e monjolo, a gente tem medo dessa cultura se perder e poucas pessoas ainda tem monjolo em casa”, comentou Tereza. Tereza relembrou que ficou internada ano passado por cinco dias, devido a uma pneumonia, e precisou ficar de repouso, sem mexer com o monjolo e produzir farinha. Ela comentou que pensa em parar a produção e descansar devido a saúde, e manter a produção apenas para uso próprio. Documentário Equipe da produção do documentário com a Dona Maria em Ribeirão Branco (SP) Arquivo pessoal/Carolina de Arruda Botelho Klocker O documentário sobre cidades da região de Itapetininga (SP) foi produzido pela Associação Cânions Paulistas, mostrando as histórias e cultura sobre o interior paulista. As histórias sobre o monjolo de Maria e Tereza foram mostradas nessa produção. O projeto foi realizado a partir da Lei Paulo Gustavo. A produção foi dividida em uma série de 21 episódios que mostram patrimônios culturais em cada um dos municípios que fazem parte da região turística dos Cânions Paulista. Cristina Fachini, de 45 anos, pesquisadora do cientista do Instituto Agronômico (IAC) de Campinas (SP), colaborou para a produção do documentário. Através de um projeto chamado de “Roteiro do Milho”, onde ela pesquisou a região do sudoeste paulista e identificou a importância cultural do milho no meio rural, ela começou um mapeamento sobre o monjolo na produção da farinha de milho. Para Cristina, os monjolos representam um saber tradicional associado à fabricação da farinha de milho. “Manter esta prática e reconhecê-la como patrimônio é importante pois além de ser um elemento representativo da história local, é também um saber que frente às mudanças climáticas pode ser muito importante para resgatar formas de sobrevivência sustentáveis e adaptadas ao ambiente local”. Em 2025, o Roteiro do Milho e a Associação Cânions Paulista firmaram uma parceria, onde indicaram, dentro do documentário, os monjolos como um elemento representativo do patrimônio cultural da região dos Cânions Paulistas. A sócia fundadora da associação Cânions Paulista, Carolina de Arruda Botelho Klocker, de 38 anos, compartilhou que Cristina e o seu trabalho sobre o Roteiro do Milho levaram a produção do documentário até a Dona Maria em Ribeirão Branco. "Cada etapa desta produção está cheia de saberes sobre energia limpa, materiais construtivos ecológicos, modos de preparar os alimentos, racionalização do trabalho. Estes conhecimentos nos ajudam a enfrentar problemas atuais de forma mais inteligente", comentou Carolina. Para a fundadora, o monjolo é um símbolo de resistência e respeito à natureza, ciência e ancestralidade. "Precisamos que as pessoas saibam da importância destes patrimônios, se apaixonem por eles, pois só quem ama cuida. Por meio destes afetos fortalecemos nossos vínculos com a terra e reconhecemos o valor que temos como cidadãos. Quando sabemos de onde viemos, temos mais clareza para definir para onde vamos juntos", apontou. *Colaborou sob orientação de Carla Monteiro Veja mais notícias no g1 Itapetininga e Região VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM

FONTE: https://g1.globo.com/sp/itapetininga-regiao/noticia/2025/05/04/monjolo-pilao-dagua-usado-para-producao-de-farinha-de-milho-e-considerado-patrimonio-no-interior-de-sp.ghtml


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