Irrigação rural: novas tecnologias buscam otimizar uso de água no campo
04/05/2025
(Foto: Reprodução) Inovações aumentam eficiência hídrica sem perda de produtividade. Novidades foram apresentadas durante a Agrishow, maior feira de tecnologia agrícola do país, realizada em Ribeirão Preto (SP). Agrishow 2025: tecnologias otimizam irrigação rural
A agricultura é responsável por 70% de toda a água utilizada no mundo, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). No Brasil, onde esse percentual chega a 72%, a área irrigada saltou de 6,9 milhões para 9 milhões de hectares nos últimos anos, segundo dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
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Na Agrishow, feira de tecnologia agrícola realizada até o dia 2 em Ribeirão Preto (SP), inovações que que reduzem significativamente o consumo de água sem perda de produtividade mostram que o setor está em transformação para otimizar ainda mais o uso de recursos hídricos. Sistemas inteligentes, automação e foco na capacitação técnica vêm mudando a forma como o produtor lida com a irrigação no campo.
Tecnologias otimizam uso de recursos hídricos na irrigação rural
Divulgação/ Bauer
Irrigação: produtividade com sustentabilidade
A legislação brasileira sobre o uso da água é uma das mais rígidas do mundo, e a irrigação tem se mostrado uma ferramenta eficiente para não só aumentar a produtividade, como também reduzir o consumo de recursos hídricos. O uso de sensores de umidade, automação via celular e inteligência artificial permite irrigar com precisão, reduzindo o desperdício de água em até 20% por safra.
Dentro desse contexto, uma das estratégias inovadoras é a irrigação localizada, que permite fornecer a quantidade exata de água que a planta precisa, com aplicação direto na raiz, além de benefícios extras.
“A irrigação localizada, como o gotejamento, fornece água direto na raiz, com qualidade e na medida certa. Isso reduz também o uso de energia, fertilizantes e mão de obra”, afirma Michele Gonçalves, diretora de marketing da Netafim Mercosur.
Técnicas como a irrigação localizada prometem revolucionar uso de água no campo
Divulgação/ Netafim
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Já a telemetria permite a medição de dados remotamente e ajuda não apenas a economizar, mas a entender melhor o processo de utilização da água, desde o ponto de captação até a planta. Um tipo de tecnologia que pode ser utilizada tanto pelo grande quanto pelo pequeno produtor.
"Conseguimos mostrar onde cada gota está sendo usada, do rio até a planta. (...) Hoje existem projetos para áreas de apenas 1 hectare, com payback (indicador que ajuda a medir a velocidade com que um investimento se paga) de dez meses”, afirma Helton Franco, CMO da Irricontrol.
Benefícios para a lavoura
Em culturas como a cana-de-açúcar, a irrigação permite estender a vida útil do canavial de cinco para dez anos, com aumento de produtividade, segundo Leandro Lance, diretor comercial da Rivulis.
"Um plantio custa de R$ 16 mil a R$18 mil por hectare. Em sequeiro, ele dura cinco anos. Com irrigação, passa de dez. E a produtividade sobe de 70 para até 125 toneladas por hectare”, relatou Lance.
Mesmo durante os incêndios em áreas de cana-de-açúcar em 2024, a irrigação fez a diferença. “Mesmo com perdas, conseguimos manter uma produtividade considerável. Sem irrigação, os danos seriam muito maiores”, afirma Michele, da Netafim.
A irrigação também impacta na qualidade dos frutos e alimentos como os da citricultura, com redução de 1ºC a 3ºC na temperatura das plantas, o que melhora o aproveitamento da florada e a qualidade do fruto.
“Quando você pega qualquer sistema produtivo, você tem várias formas de incrementar a produção. Mas a irrigação é a que traz maior resultado. Ela permite controlar uma variável que antes dependia exclusivamente da chuva: a água”, afirma Vinicius Melo, diretor comercial da Valley.
Novos equipamentos prometem otimizar uso de água no campo
Divulgação/ Rivulis
Capacitação é peça-chave
A inovação não caminha sozinha. Empresas têm apostado na capacitação técnica para que o produtor e sua equipe saibam tirar o máximo das tecnologias em funções como a do "pivozeiro", ou seja, o operador de sistemas de irrigação e aspersão. “A profissão já é realidade em várias regiões”, destaca Lance, da Rivulis.
Essa capacitação garante que mesmo pequenos produtores possam adotar tecnologias como pivôs centrais, carretéis, microaspersão e gotejamento com máxima eficiência, otimizando água e ampliando a produção.
“Não adianta ser alta tecnologia se o produtor não vê valor ou não sabe usar. A gente pensa em soluções simples, práticas, que ele possa instalar e já ver resultado”, afirmou Luiz Roque, co-CEO da Bauer América Latina e CEO da Irricontrol.
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