Elefante-marinho ferido é resgatado em raro avistamento no litoral de SP; VÍDEO
17/06/2025
(Foto: Reprodução) Animal foi resgatado com lesões significativas e segue em recuperação. Segundo a coordenadora de projetos do Instituto Gremar, Andrea Maranho, aparição do animal pode estar ligada às mudanças climáticas. Conheça o elefante-marinho, espécie incomum resgatada no litoral paulista
Um elefante-marinho (Mirounga leonina) surpreendeu moradores ao aparecer ferido em um costão rochoso no Guarujá, no litoral de São Paulo. A espécie, originária de regiões subantárticas, raramente é vista nesse trecho do litoral brasileiro. De acordo com a coordenadora de projetos do Instituto Gremar, Andrea Maranho, o aparecimento incomum pode estar ligado a alterações climáticas e mudanças nas correntes oceânicas.
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O resgate ocorreu no último dia 6, após moradores da comunidade de Santa Cruz dos Navegantes acionarem o Gremar ao encontrarem o animal debilitado. O mamífero, um jovem com cerca de 94 kg, tinha lesões significativas na lateral do corpo, próximas à nadadeira peitoral direita.
Durante o atendimento, os técnicos também identificaram crustáceos do gênero Lepas aderidos ao corpo do animal — sinal de que ele estava sem energia e à deriva havia algum tempo.
Segundo a equipe veterinária do instituto, o elefante-marinho passou por exames clínicos e, inicialmente, foi alimentado apenas com líquidos. Atualmente, apresenta bom apetite, já se alimenta normalmente e permanece em um recinto externo com acesso a um tanque com água.
Conheça o elefante-marinho, espécie incomum resgatada no litoral paulista
Divulgação/Instituto Gremar
Os exames laboratoriais incluíram testes para influenza aviária, que resultaram negativos. O animal também apresentava um quadro de parasitose intensa, já tratado com vermífugos. Segundo o Gremar, ele está respondendo bem aos cuidados e apresenta melhora clínica visível.
"O prognóstico é favorável. A ferida está cicatrizando bem e os exames mostram evolução. Quando ele atingir os parâmetros ideais de saúde e as condições do mar forem seguras, vamos programar a soltura. Ainda não há uma data definida", informou a equipe técnica.
O que é um elefante-marinho?
Ao g1, Andrea Maranho contou que o elefante-marinho pertence à família dos focídeos, como algumas espécies de focas, diferentemente dos lobos e leões-marinhos, mais comuns na região, que são classificados como otarídeos.
Elefante-marinho (à esq.), leão-marinho (centro) e lobo-marinho (à dir.)
PMP-BS/Divulgação, Marzia Antonelli/R3 Animal e PMP/Univille
Segundo a coordenadora do instituto, a principal diferença entre os dois grupos está na forma de locomoção: enquanto os otarídeos usam as nadadeiras para se apoiar e se mover com agilidade em terra, os focídeos se arrastam com movimentos ondulares, por não conseguirem apoiar o corpo.
Além disso, os elefantes-marinhos não possuem pavilhão auricular (orelhas externas) nem bolsa escrotal — características que os tornam mais adaptados a longos mergulhos em águas profundas.
A pelagem dos focídeos tende a ser mais clara, em tons de cinza e creme, enquanto os otarídeos costumam ter pelagem escura, geralmente marrom. Além de, no caso dos machos, possuírem focinhos alongados, semelhantes a trombas, que aparecem ao longo do desenvolvimento do indivíduo.
Apesar de pesar atualmente menos de 100 kg, o jovem focídeo resgatado pode atingir até 400 kg na fase adulta, segundo a bióloga Andrea Maranho. Ela explicou que esse é o peso comum de animais da espécie em idade avançada.
Presença incomum no litoral paulista
O aparecimento de um elefante-marinho no litoral paulista é considerado um evento incomum. "Tivemos uma fêmea no final do ano passado, mas esse é o menor indivíduo que já recebemos", afirmou Andrea.
As colônias naturais dessa espécie estão localizadas a mais de 3 mil km da costa de São Paulo, nas regiões frias da Patagônia e abaixo da Terra do Fogo, no extremo sul da Argentina.
Nos últimos dois anos, o Gremar tem registrado um aumento nos avistamentos de pinípedes — superfamília de mamíferos aquáticos, que inclui focas, os leões-marinhos e lobos-marinhos e as morsas — incomuns na região.
Para Andrea, ainda é cedo para conclusões definitivas, mas as mudanças no padrão de ocorrência desses animais podem estar ligadas às alterações climáticas e às mudanças nas correntes marinhas.
" A gente não consegue ainda afirmar nada. Se é somente perda de hábitos e problemas climáticos ou pode estar tendo mudança de distribuição da cadeia atrófica alimentar e de padrões de corrente. São muitas variáveis que podem estar causando o encalhe desses animais", explica a coordenadora.
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