Alunos de bruços e ajoelhados: associação de docentes denuncia trotes na USP de Piracicaba

  • 09/05/2025
(Foto: Reprodução)
Manifesto de entidades diz que práticas são recorrentes e que há omissão da universidade. Esalq/USP diz que não recebeu denúncias formais, mas convocou Conselho de Repúblicas para diálogo. Alunos deitados de bruços com na USP de Piracicaba: associação denuncia trote Reprodução/ Adusp A Associação de Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp) denunciou a aplicação de trotes na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), em Piracicaba (SP). Imagens obtidas e divulgadas pelo Informativo Adusp Online mostram calouros deitados de bruços no chão e com as cabeças cobertas por chapéus (veja acima). Em outra imagem, há alunas ajoelhadas. Três leis estaduais paulistas proíbem a prática de trote violento ou humilhante. A universidade diz que não recebeu denúncias formais, mas convocou Conselho de Repúblicas para diálogo sobre a proibição (leia aqui o posicionamento). 📲 Participe do canal do WhatsApp do g1 Piracicaba Segundo o informativo da associação de docentes, as imagens foram captadas na última segunda-feira (5), em frente ao Prédio Central da Esalq, e a denúncia partiu de alunos e professores. A Adusp também aponta que teve acesso a um vídeo que mostra que agentes da guarda universitária estavam a dezenas de metros de distância do local do trote e que um narrador afirma que havia "pessoas sendo agredidas". O g1 pediu acesso a esse vídeo ao informativo da associação, mas ele não foi fornecido sob a justificativa de preservação de identidades de pessoas que estavam no local. 'É muito grave' e tem ocorrido diariamente, diz professor Ao Informativo Adusp Online, o professor especialista em trotes Antonio Ribeiro de Almeida Jr., do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq, considerou a situação "muito grave" e afirmou que tem ocorrido omissão da universidade quanto a essas práticas. “Isso está ocorrendo em frente ao prédio principal da Esalq, que é o prédio onde ficam a Diretoria e a Prefeitura do Campus. Isso tem ocorrido todos os dias, no horário do almoço e no final da tarde. É um procedimento que está na última semana, eles vão fazer no dia 13 de maio ou logo depois a chamada ‘Libertação dos Bixos’, ironizando a questão da escravidão no país. Então é muito grave, o trote está proibido”, advertiu, em entrevista ao informativo. Estudantes ajoelhadas em campus da Esalq: manifesto afirma que há omissão da universidade diante de trotes Reprodução/ Adusp Atos lembram sociedade escravocrata, diz manifesto Um manifesto contra o trote publico na terça-feira (6), assinado por sete entidades e grupos e intitulado “Manifesto Público à Universidade de São Paulo: até quando a USP será conivente com a ‘tradição’?” chama a atenção para as características de submissão impostas durante essas práticas. O texto também afirma que há omissão da universidade. “As cenas de calouros ajoelhados perante veteranos, comumente classificadas como ‘tradição’, materializam uma hierarquia de dominação e submissão incompatível com os valores de uma universidade pública e democrática. Tais práticas remontam a uma sociedade colonial e escravocrata que jamais deveria encontrar em um espaço de uma instituição de ensino comprometida com a ciência, a cidadania e os direitos humanos”, diz trecho do documento. Também segundo o texto, "as violências se estendem para repúblicas, festas e espaços públicos de Piracicaba, com recorrentes relatos de assédio”. Eles ainda chamam a atenção para a data conhecida como "libertação dos bixos", realizada na semana de 13 de maio, data que é marco da abolição da escravidão no Brasil. "[Nesta data] calouros são coagidos a atos vexatórios como sujar-se com borra de café e tinta preta, andar amarrados nas ruas da cidade e acompanhar veteranos munidos de chicotes. Esse tipo de performance pública reencena de forma grotesca a escravidão, desrespeitando a memória histórica e a dignidade humana", descreve o manifesto. Campus da Esalq/USP, em Piracicaba Bruno Leoni/g1 O que diz a Esalq Em nota ao g1, a Esalq/USP informou que tomou conhecimento da movimentação de estudantes, sem, no entanto, ter recebido denúncias formais relacionadas à prática de trote ou qualquer tipo de violência. E que a Guarda Universitária, cuja atuação tem caráter primordialmente patrimonial, "mantém-se atenta a essas ocorrências, deslocando-se sempre que necessário para apuração e registro dos fatos". A universidade acrescentou adota, de forma preventiva, uma série de medidas para coibir o trote. E que planejamento tem início no ano anterior ao ingresso dos calouros, com ações organizadas pela Comissão de Recepção ao Ingressante. Essa comissão, segundo a instituição, é composta por representantes da Comissão de Graduação, coordenações de curso, serviço social e Comissão de Inclusão e Pertencimento, entre outros. O grupo é responsável por preparar campanhas educativas e materiais de conscientização que reforçam a proibição do trote, conforme estabelece a legislação estadual vigente. "Desde 2023, não foram registradas denúncias via Disque Trote. Ainda assim, a Esalq reforça que é fundamental que toda ocorrência seja devidamente registrada por meio dos canais oficiais, permitindo a apuração e a adoção das providências cabíveis. Alunos envolvidos em casos confirmados são notificados sobre a infração disciplinar, que é registrada em seus históricos acadêmicos. Em caso de reincidência, a penalidade pode ser agravada, resultando em suspensão ou até desligamento do estudante, conforme o Regimento Disciplinar da Universidade", acrescentou. A universidade ainda informou que, após o episódio relatado no dia 5 de maio de 2025, a Diretoria da Esalq convocou a Presidência do Conselho de Repúblicas para um diálogo sobre a proibição do trote e do assédio moral, destacando o vínculo entre essas práticas. "No dia 8 de maio, a diretora da unidade, professora Thais Vieira, esteve presente em reunião no Centro Acadêmico, com a participação de aproximadamente 80 estudantes, ocasião em que reforçou o posicionamento institucional contra o trote e qualquer forma de assédio ou conduta inadequada no ambiente universitário", comunicou. A instituição concluiu que "reafirma seu compromisso com a promoção de um ambiente acadêmico seguro, respeitoso e acolhedor para todos os seus estudantes". VÍDEOS: tudo sobre Piracicaba e região Veja mais notícias da região no g1 Piracicaba Veja mais notícias do g1 Piracicaba e região

FONTE: https://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2025/05/09/alunos-de-brucos-e-ajoelhados-associacao-de-docentes-denuncia-trote-na-usp-de-piracicaba.ghtml


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